Texto básico: At 17.22-30
Em nossas células, devemos sempre estimularmos as pessoas a uma transformação, mudança. Principalmente com respeito a vida espiritual. Falta de tempo para o devocional e ausência de profundidade no relacionamento com Deus, infelizmente, são problemas recorrentes. Tantas vezes desenvolvemos uma vida religiosa ativa, inclusive exercendo papel de liderança, sem realmente conhecermos Deus.
O texto base de hoje fala quando o apóstolo Paulo faz seu discurso em Atenas. Paulo ficou profundamente indignado com a idolatria naquela cidade e de uma forma muito criativa e corajosa, apresentou o Evangelho para aquelas pessoas. Paulo reconheceu a religiosidade dos atenienses. Eles expressavam zelo na adoração aos ídolos, embora não conhecessem o Deus verdadeiro. Este cenário de religiosidade sem revelação de Deus é muito perigoso e serve de alerta também para todos nós.
Inseridos em uma cultura de consumo, vemos igrejas onde pessoas se aproximam, simplesmente, para serem servidas. Assim como entram e se assentam em restaurantes ou cinemas da cidade, elas se assentam também nas igrejas. A expectativa delas é serem servidas com um bom espetáculo de louvor e pregação, e terem seus desejos atendidos prontamente por meio da oração. Essas pessoas não crescem. Elas continuam vivendo um projeto individualista e utilitarista que as mantêm a cada dia mais imaturas.
Existe ainda outra realidade na igreja, igualmente perigosa. São pessoas que exercem um papel ativo na comunidade de fé e trabalham muito. O problema é que estamos falando de uma postura tão ativa, que suga todas as energias e consome o tempo devocional. Embora sinceros e com boas intenções, são ativistas, sobrecarregados com reuniões, cultos, encontros e diversas outras atividades. Sabem pregar, cantar e até liderar equipes. Mas, não conhecem a Deus intimamente. Não crescem em direção à maturidade espiritual, muito menos se reproduzem espiritualmente. Embora as atividades tenham valor, se tornam grandes obstáculos de uma vida espiritual saudável.
O verdadeiro discipulado nos chama, em primeiro lugar, a um relacionamento com Deus. Jesus chamou os discípulos para estar com Ele e depois para os enviar a pregar. Isso está em Marcos 3.14. O ser precede o fazer. No versículo 22 desse mesmo capítulo, lemos que Jesus fez algo muito simples: foi com seus discípulos para uma terra na Judeia, onde passou algum tempo com eles. Achei muito interessante quando aprendi que o termo original para essa expressão: ‘passar algum tempo’, significa literalmente esfregar ou contagiar. Ao passar tempo com Jesus, os discípulos foram contagiados e transformados em instrumentos poderosos de Deus. Esse chamado é para nós também!
Edmund Chan, no livro Um Tipo Certo, nos lembra que a atribuição da grande comissão não pode ser realizada de forma significativa sem um alinhamento com o grande mandamento: de amá-lo de todo o nosso coração, alma, entendimento e força (Mc 12.30). O chamado ao discipulado radical é primeiro um chamado para amar a Deus e permanecer nele. Somente quando estamos alinhados com Deus em amor, temos acesso aos recursos e ao poder de Deus, para cumprir o chamado por meio do Espírito Santo.
Há uma dificuldade prática quando falamos em buscar a Deus. Muitos desejam, mas não sabem como fazê-lo. O Senhor nos chama para passar tempo com Ele, em oração, meditação e reflexão de Sua Palavra. Reserve um tempo específico para isso. Tenha um local adequado e se programe. A necessária mudança interior é obra de Deus, não nossa. Isso demanda um trabalho interno, e somente Deus consegue trabalhar pelo lado de dentro. Nosso dever é preparar o terreno, assim como o agricultor faz com o solo. A vida que agrada a Deus não é a que acumula deveres religiosos. Temos uma única coisa a fazer: experimentar uma vida de relacionamento e de intimidade com o Senhor.
Todos nós enfrentamos desafios na vida e nos sentimos sufocados pela correria do dia a dia, mas se esquecermos que nossa fonte vem da presença de Deus, estaremos sempre cansados, ansiosos e sobrecarregados. A intimidade com Deus é para todos nós. Não está acessível apenas para pessoas especiais (elas não existem). Há um novo e vivo caminho preparado por Jesus para pessoas comuns, como eu e você. O requisito principal é ter anseio por Deus. Salmos 42.1,2 diz: “Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”. Que esta seja a nossa oração todos os dias também.